
Não sou de lua
- eu tenho mais fases que ela.
- Sou muito fácil de entender, mas sou tão lerda que não me entendo, quase sempre preciso conversar com alguém que me entenda e explique o que se passa comigo. Não posso dizer que não ligo pro que os outros falam de mim, porque eu ligo sim, só tento não dar muita importância a isso, mas muitas vezes me machuco com isso. Tenho crises diárias, muitas delas. Meu humor muda com freqüência. Sou chata e irritante e incomodo as pessoas até pela internet. Gosto de mim como sou e foda-se quem não goste.
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
(...) Se o tal "amor"

Folha em Branco

Eu não sei voar,
não tem calmante melhor

que um abraço apertado, um amigo é tiro e queda pra curar a solidão, sorrisos de hora em hora pra acabar com a tristeza, a vida não tem bula é só seguir o coração, num dia xarope "espante o tédio", junte os amigos, rir é um remédio, um banho de chuva, não tem nada igual, prazer sem efeito colateral, tomar uma dose de forte emoção, FELICIDADE não tem contra indicação! :D
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
α vidα é feitα de momentos,
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Amizade...
domingo, 7 de dezembro de 2008
Natal na Ilha do Nanja

Na Ilha do Nanja, o Natal continua a ser maravilhoso. Lá ninguém celebra o Natal como o aniversário do Menino Jesus, mas sim como o verdadeiro dia do seu nascimento. Todos os anos o Menino Jesus nasce, naquela data, como nascem no horizonte, todos os dias e todas as noites, o sol e a lua e as estrelas e os planetas. Na Ilha do Nanja, as pessoas levam o ano inteiro esperando pela chegada do Natal. Sofrem doenças, necessidades, desgostos como se andassem sob uma chuva de flores, porque o Natal chega: e, com ele, a esperança, o consolo, a certeza do Bem, da Justiça, do Amor. Na Ilha do Nanja, as pessoas acreditam nessas palavras que antigamente se denominavam "substantivos próprios" e se escreviam com letras maiúsculas. Lá, elas continuam a ser denominadas e escritas assim.
Na Ilha do Nanja, pelo Natal, todos vestem uma roupinha nova — mas uma roupinha barata, pois é gente pobre — apenas pelo decoro de participar de uma festa que eles acham ser a maior da humanidade. Além da roupinha nova, melhoram um pouco a janta, porque nós, humanos, quase sempre associamos à alegria da alma um certo bem-estar físico, geralmente representado por um pouco de doce e um pouco de vinho. Tudo, porém, moderadamente, pois essa gente da Ilha do Nanja é muito sóbria.
Durante o Natal, na Ilha do Nanja, ninguém ofende o seu vizinho — antes, todos se saúdam com grande cortesia, e uns dizem e outros respondem no mesmo tom celestial: "Boas Festas! Boas Festas!"
E ninguém, pede contribuições especiais, nem abonos nem presentes — mesmo porque se isso acontecesse, Jesus não nasceria. Como podia Jesus nascer num clima de tal sofreguidão? Ninguém pede nada. Mas todos dão qualquer coisa, uns mais, outros menos, porque todos se sentem felizes, e a felicidade não é pedir nem receber: a felicidade é dar. Pode-se dar uma flor, um pintinho, um caramujo, um peixe — trata-se de uma ilha, com praias e pescadores ! — uma cestinha de ovos, um queijo, um pote de mel... É como se a Ilha toda fosse um presepe. Há mesmo quem dê um carneirinho, um pombo, um verso! Foi lá que me ofereceram, certa vez, um raio de sol!
Na Ilha de Nanja, passa-se o ano inteiro com o coração repleto das alegrias do Natal. Essas alegrias só esmorecem um pouco pela Semana Santa, quando de repente se fica em dúvida sobre a vitória das Trevas e o fim de Deus. Mas logo rompe a Aleluia, vê-se a luz gloriosa do Céu brilhar de novo, e todos voltam para o seu trabalho a cantar, ainda com lágrimas nos olhos.
Na Ilha do Nanja é assim. Arvores de Natal não existem por lá. As crianças brincam com. pedrinhas, areia, formigas: não sabem que há pistolas, armas nucleares, bombas de 200 megatons. Se soubessem disso, choravam. Lá também ninguém lê histórias em quadrinhos. E tudo é muito mais maravilhoso, em sua ingenuidade. Os mortos vêm cantar com os vivos, nas grandes festas, porque Deus imortaliza, reúne, e faz deste mundo e de todos os outros uma coisa só.
É assim que se pensa na Ilha do Nanja, onde agora se festeja o Natal.
Cecília Meireles
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
A Menina dos Fósforos

Estava muito frio e a neve caía e já estava
começando a escurecer.
Era a noite do último dia do ano.
Uma menina descalça e sem agasalho andava pelas ruas, no frio e no escuro.
Quando atravessou correndo para fugir dos carros, a menina perdeu os chinelos que tinham sido da mãe e eram grandes demais. Um ela não achou mais e umgaroto levou o outro, dizendo que ia usar como berço quando tivesse um filho.
A menina já estava com os pés roxos de frio.Tinha um pacotinho de fósforos na mão e outro no bolso do avental velho. Naquele dia não tinha conseguido vender nada e estava sem um tostão.
A neve caía no cabelo cacheado, mas ela não podia pensar no cabelo nem no frio.
As casas estavam iluminadas e havia por toda parte um cheirinho gostoso de assado de Ano-Novo.
Era nisso que ela pensava.
No caminho entre duas casas, ela se encolheu toda, mas
continuava sentindo muito frio.
Voltar para casa, nem pensar!
sem dinheiro, sem ter vendido nada, era uma surra do pai com certeza.
Com as mãos geladas, pensou em acender um fósforo. Conseguiu. A chama pequenininha parecia uma vela na concha da mão.
A menina se imaginou diante de uma lareira enorme, com o fogo esquentando tudo e a ela também.
Ela ficou com um fósforo queimado na mão.
Acendeu outro que, brilhando, fez a parede ficar transparente.
Ela viu a casa por dentro;a mesa posta, a toalha branca, a louça linda. O assado, o recheio, as frutas.
Não é que o assado, espetado com garfo e faca,
saiu pulando da mesa e veio até ela?
Mas o fósforo apagou e ela só viu a parede grossa e úmida.
Acendeu mais um fósforo e se viu junto de uma belíssima árvore de Natal.
Velinhas e figurinhas coloridas enchiam os galhos verdes.
A menina esticou o braço e...o fósforo apagou.
Mas as velinhas começaram a subir, a subir e ela viu que eram estrelas. Uma virou estrela cadente e riscou o céu.
-Alguém deve ter morrido.
A avó - única pessoa que tinha gostado dela de verdade,
e que já tinha morrido - sempre dizia
"Quando uma estrela cai, é sinal de que uma alma subiu para o céu."
A menina riscou mais um fósforo e, no meio do clarão, viu a avó tão boa e tão carinhosa contente como nunca.
- Vovó.....vovó..........me leva embora!
Sei que você não vai mais estar aqui quando o fósforo apagar. Você vai desaparecer como a lareira,
o assado e a árvore de Natal.
E foi acendendo os outros fósforos para que a avó não sumisse. Foi tanta luz que parecia dia.
E a avó ali, tão bonita...Pegou a menina no colo e voou com ela para onde não fazia frio e não havia fome nem dor.
Foram para junto de Deus.
De manhãzinha, as pessoas viram no canto entre duas casas uma menina corada e sorrindo.
Estava morta.
Tinha morrido de frio na última noite do ano.
Nas mãos, uma caixa de fósforos queimados.
- Ela tentou se esquentar, coitadinha!
Ninguém podia adivinhar tudo o que ela tinha visto.....
o brilho....a avó....as alegrias de um novo ano.

